2011/05/20

"Okupas" na Fontinha

Já repararam como alguns dos que criticam Passos Coelho têm vergonha de explicitar a alternativa que apoiam?

1. Depois de anos de abandono e total vandalização, um grupo de “okupas” bem intencionado tomou posse das instalações de uma escola no centro do Porto. Limpou-a, pintou-a, organizou actividades em conjunto com a população local que o recebeu com alegria. Passado pouco tempo, sem contacto prévio da Junta ou da Câmara, foi desalojado numa operação policial pacífica de envergadura nunca vista na zona. Os poderes autárquicos claramente não quiseram perceber o que se passava. O caso foi à Assembleia Municipal e, surpreendentemente, tratado com moderação por todos os partidos. Nunca tinha visto a sala em tão absoluto silêncio, atenta às exposições que estavam a ser feitas. Há abertura para o diálogo de modo a que não se desperdice este voluntarismo da sociedade civil. Cabe agora aos “okupas” propor um projecto para o local, esclarecendo equívocos internos que existem entre eles e que na fase de concretização se vão tornar evidentes. A “okupação” foi indispensável para a eficácia da acção, mas futuramente é preciso respeitar regras de convivência em sociedade – a Lei. Estejam as autarquias também à altura.

2. Quem se resignou à mentira sistemática dos que nos desgraçaram até à bancarrota não vai ganhar juízo antes de 5 de Junho. Já repararam como alguns dos que criticam Passos Coelho têm vergonha de explicitar a alternativa que apoiam? O PSD é o único partido que propõe uma estratégia de desenvolvimento digna desse nome. Por isso o esforço final na campanha será explicá-la aos eleitores que, não tendo o cérebro desligado, rejeitem o actual governo mas ainda hesitem entre as várias oposições. É que há muitas maneiras de governar respeitando os objectivos impostos pela troika. Queremos deixar o poder em quem arruinou o país, ou construir um futuro com políticas competentes?

(publicado no JN de 2011/05/19)

2011/05/06

Largar as drogas

Se o PS quiser ser alternativa noutras eleições subsequentes, então que arrume antes a casa. Hoje é tempo de meter mãos à obra. Outras mãos.

O primeiro passo é não aturarmos esta situação por mais tempo. Não nos resignarmos a um governo que nos trata como imbecis e nos mente sem parar. Não votarmos num partido que só mantém Sócrates como líder por calculismo eleitoral, pois noutras circunstâncias já o teria substituído. Tal como um drogado tem de decidir largar o vício antes de refazer a vida, também aqui tudo o resto só vem depois da rejeição destas práticas vergonhosas. Não se repita a "síndroma Vale e Azevedo" - mesmo depois de se conhecerem as patifarias da sua gestão e a terrível situação que criou, ainda continuava a ter apoiantes iludidos. Agora até há uma organização do PS chamada "Voluntários Sócrates 2011" - estica-se a corda para vergar o partido e esmigalhar a dignidade dos militantes que, como num casino, são tentados a dobrar a aposta na vã esperança de pagar as dívidas de jogo.

O segundo passo será escolher o partido, que não o PS, que melhor programa tenha e cujo líder dê garantias suficientes de o fazer cumprir. Desta vez, ao contrário de algumas ocasiões anteriores, votar em branco não é uma opção construtiva. Se o PS quiser ser alternativa noutras eleições subsequentes, então que arrume antes a casa. Hoje é tempo de meter mãos à obra. Outras mãos. A cura pode ser dolorosa, mas os primeiros remédios são evidentes: colocar a Justiça a funcionar, reduzir drasticamente a ineficiência do Estado. Isso só é possível com pessoas em quem minimamente confiemos para serem nossos representantes, que não venham daqui a uns anos repetir a promessa de começar aquilo que já devia estar terminado. Exijamos um país onde os políticos são imperfeitos mas decentes, onde todos temos um papel a desempenhar e uma responsabilidade enorme a cumprir daqui a um mês: votar para mudar. Basta! Venham outros.

(publicado no JN de 2011/05/05)