O problema de alguns famosos arquitectos, como Siza Vieira, Souto Moura, e outros (já sem falar em grandes estrelas estrangeiras) é que vivem num mundo ideal que não existe! E pensam as suas obras para esse mundo, esquecendo que depois, na realidade, o uso que as pessoas dão ao espaço não é compatível com os “princípios de pureza” que eles gostariam de ver respeitados. E as coisas correm mal…
Um bom arquitecto tem de projectar os espaços para que as pessoas se sintam bem neles (mesmo que precisem de algum tempo de habituação). Não é o caso da generalidade dos trabalhos, por exemplo, de Siza Vieira. Ele quer impor a sua obra mesmo que tenha de ser contra a vontade dos utilizadores. No caso concreto da Avenida dos Aliados no Porto, que poderia ser extrapolado para outros, verifica-se que o resultado final real, com o uso que acaba por ter (barraquinhas, etc.) é mau. Significa isto que o conjunto arquitecto + Câmara + povo não foi capaz de se entender. E, do ponto de vista do arquitecto, significa consequentemente que ele, sabendo a autarquia e o povo que tem, não conseguiu obter uma solução que funcionasse bem. Falhou a sua tarefa de arquitecto.