Posto isso, e independentemente das vantagens ou inconvenientes do federalismo, o que me incomoda mais é a sensação de que nos querem empurrar disfarçadamente para um Estado federal: uma “constituição”, um “presidente”, um “ministro dos negócios estrangeiros” - prefiro que as coisas sejam claras para então escolher também claramente sim ou não.
Assumo a minha ignorância: continuo sem perceber se
- a Constituição é apenas a reunião de documentos até agora dispersos e já em vigor, com umas revisões ligeiras e umas optimizações do funcionamento das instituições – e então uma recusa não seria grave;
- ou se é uma mudança estrutural significativa – e aí então é preciso mais cuidado, pois isto seria uma fuga para a frente antes de ter a casa arrumada.
Mas, mais preocupante que tudo isto, é o que me parece estar na base de algumas convicções centralistas: há quem acredite que o desenvolvimento da Europa se dará pela forte intervenção dos Estados nacionais e, especialmente, de um grande Estado Federal Europeu (ou o equivalente com outro nome). Erro grave, a meu ver. O importante é precisamente diminuir o papel dos Estados, sejam eles quais forem! A opção recomendável é cada vez mais o poder distribuído, minimalista e bem coordenado, em vez de uma máquina gigantesca onde é quase impossível garantir um comportamento verdadeiramente democrático.