Não tenho nada contra pensar alto, estabelecer metas ambiciosas, elaborar grandes projectos, puxar pela cidade. O que afirmo é que:
- só tem capacidade para fazer isso quem também sabe resolver os “pequenos problemas” – senão os “grandes planos” são incompetentes e balofos;
- só deve fazer isso quem tiver ferramentas que permitam orientar, apoiar ou complementar o desenvolvimento da cidade – senão os “grandes planos” são inúteis.
- incompetente – senão não se teria chegado a este ponto;
- pouco democrática – os efeitos da escassa participação da sociedade civil têm sido, sejamos realistas, praticamente nulos; o debate público tem sido claramente insuficiente;
- impotente – os meios públicos para actuar são escassos; os privados são desprezados pela autarquia e pelo poder central.
- Que adianta o Porto promover o interesse turístico do seu património histórico se não consegue obter uma mobilidade pelo menos razoável dentro da cidade?
- Que adianta o Porto elogiar a excelência das suas instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação se não consegue oferecer condições para que elas atraiam investigadores e indústria?
- Que adianta o Porto querer ter peso nacional e internacional se não consegue sequer compatibilizar políticas de desenvolvimento com municípios vizinhos como Gaia?
Assim soa tudo a falso, andamos a iludir-nos uns aos outros. Comecemos pelo princípio, passo a passo, com honestidade e rigor. “Devagar, que tenho pressa”.