- Porque não resolve só por si o estrangulamento Senhora da Hora / Trindade (que esse sim é urgente tratar).
- Porque não é a única maneira, nem a mais rápida de implantar, nem a mais barata, de desviar passageiros da Linha Azul.
- Porque não é uma prioridade haver Metro nessa zona da cidade, havendo outros locais no Porto onde o investimento é incomparavelmente mais urgente.
Mas analisemos mais alguns pormenores e as alternativas, na sequência do debate n'A Baixa do Porto de onde retiro esta informação.
- A Linha Laranja tem recentemente sido apresentada como "o lançamento da base futura de uma linha do metro Nascente - Poente na Área Metropolitana do Porto", ainda completamente "virtual" e sem aprovação das autoridades competentes. Faz algum sentido construir um troço de uma linha de metro antes de saber se ele vai ter a continuação que o justifica?! Sem ter sequer pronto o estudo técnico do local por onde supostamente iria passar o resto da linha? Foi precisamente este tipo de "fugas para a frente", sem planeamento sério, que provocou o estrangulamento do troço Trindade / Senhora da Hora.
- Os recursos não são ilimitados. Se se destinam 90 milhões de euros à Linha Laranja (já sem contar com os custos das expropriações) é porque há 90 milhões de euros que deixam de ser aplicados noutro lado qualquer.
- É consensual que o investimento na zona ocidental do Porto não é prioritário em relação ao investimento na zona oriental. Ninguém defende que a Linha Laranja é mais urgente do que, por exemplo, a ligação a Gondomar.
- O problema estrito de transporte de passageiros pela Avenida da Boavista pode ser resolvido adequadamente por outros meios que não o Metro em via exclusiva.
- Sendo necessário um novo viaduto que atravesse o Parque da Cidade (como é o caso do actual projecto), dois problemas sérios se colocam além do respectivo custo: o impacto no próprio Parque e os conflitos quanto aos direitos de propriedade dos terrenos onde ficaria implantado (Câmara vs Imoloc).
- Os estudos que foram feitos sobre as alterações de trânsito na Avenida da Boavista apenas demonstram que será viável instalar transporte em via exclusiva, seja ele qual for. Não provam a superioridade do Metro nem contemplam o impacto da consequente invasão de um grande fluxo automóvel em locais até agora residenciais.
- A linha de metro demora cerca de 2 anos a construir. Dois anos em obras. Dois anos de caos na zona!
Nestas condições a melhor solução para a Avenida da Boavista será criar imediatamente uma via exclusiva (o canal central) para um serviço de AUTOCARROS porque:
- custa incomparavelmente menos do que o Metro
- é de implantação muito mais simples e rápida
- permite usar o actual viaduto do Parque da Cidade
- melhora o sistema de transportes no curto prazo, e não apenas daqui a dois anos
- liberta recursos para outras zonas mais prioritárias da cidade/região
- não prejudica uma eventual futura instalação do Metro que substitua esta opção.
Quanto ao troço estrangulado Trindade - Senhora da Hora, transcrevo o que escreveu Francisco Rocha Antunes:
"Compravam-se as tais carruagens mais pesadas, tipo comboio suburbano, e fazia-se a ligação à Trofa e à Póvoa a partir apenas da Senhora da Hora. Com transbordo qualificado para o Metro que existe. Como existe em Campanhã entre os comboios suburbanos e o Metro. (...) o túnel a ligar a Avenida e a Estação da Casa da Música na Avenida de França é pior de certeza. (...) a solução correcta era entregar aquelas linhas à exploração da Unidade de Suburbanos do Grande Porto da CP."