2005/02/01

A histeria das insinuações

Entrámos numa onda de protestos contra as insinuações e boatos de campanha política que me deixa perplexo e irritado.

Qual a melhor forma de propagar um boato e de dar visibilidade a uma insinuação?
É protestar veementemente contra quem os origina. É dizer que se bateu no fundo. É lamentar o baixo nível que se atingiu. É alimentar a curiosidade pacóvia.

É também fazer interpretações maliciosas de frases ambíguas. É mostrar que se “percebeu onde se queria chegar”. É denunciar a “intenção encoberta”. Um adepto das teorias da conspiração poderia até imaginar que os protestos contra as insinuações não tinham outro propósito senão ampliá-las, pois prejudicam simultaneamente o suposto autor e o suposto visado!...

Estou farto de ser “esclarecido”! Não suporto mais que me “demonstrem” que os políticos actuais têm má índole! Não gosto que me tratem como inconsciente nem como imbecil. E faz-me impressão que se parta do princípio que todo o país não vê o que é óbvio, pelo que é preciso “abrir os olhos ao povo”.

Se Portugal votar mal, paciência: terá o que merece. A solução não é queixarmo-nos dos políticos que temos, é fazermos surgir quem seja melhor que eles. O “povo” pode ser lento, mas não é burro de todo.