Com a ajuda de colaboradores meus, tratei essa informação e coloquei-a online numa máquina alojada no Departamento de Informática da Universidade Católica no Porto, que eu dirigia na altura. Esse trabalho foi todo desenvolvido em 4 ou 5 horas. O computador era um vulgar PC de secretária, se não me engano com um processador Pentium II, 64 ou 128 MBytes de RAM, a correr Linux e Apache sem nenhuma configuração especial. A ligação à Internet era feita através do acesso do pólo da Foz da Universidade, nessa altura numa linha de 64kbit/s (como comparação, as ligações ADSL actuais são tipicamente de 512 Kbit/s!). As páginas foram feitas em HTML básico, sem imagens para ser leve, e possuíam uma ferramenta da pesquisa muito simples e bem melhor do que a do Ministério.
Este serviço teve enorme divulgação pública (via Internet, rádio, contactos pessoais, etc.) e milhares de acessos de repente, no dia "oficial". Nunca teve problemas de indisponibilidade e foi por lá que uma parte significativa dos professores soube da colocação, enquanto o servidor do Ministério estava em baixo. Durante o primeiro dia teve uma média de 2000 acessos por hora, tendo aguentado um pico de utilização muito mais elevado. Chegaram a telefonar-me pessoas do próprio Ministério da Educação a pedir-me para as informar de alguns resultados!
Propus ao Ministério que a minha empresa passasse a assegurar o serviço. Não houve interesse. No ano seguinte (1999) os problemas no servidor do Ministério repetiram-se e eu voltei a disponibilizar os resultados no meu. Em 2000 voltou a haver problemas no Ministério e eu, nessa altura, resolvi já não fazer nada apesar de ter os dados comigo. Desisti. A paciência tem limites.
Existe na "máquina do tempo da Internet" uma cópia em arquivo da versão de 1999 do meu servidor.
Provou-se assim que o problema com o servidor oficial não era falta de recursos técnicos: a máquina do Ministério era seguramente melhor do que a minha, a ligação à Internet tinha mais capacidade. A dificuldade do Ministério foi apenas a incompetência, irresponsabilidade e má vontade dos seus serviços. Apesar de conhecerem perfeitamente o serviço que estava a ser prestado, nunca me perguntaram qual a solução técnica que tinha adoptado, nunca aceitaram a minha proposta de ajuda.
Este problema da divulgação dos resultados é completamente diferente daquele que agora se verificou, que diz respeito ao processamento da colocação dos professores, mas mostra bem como (não) funcionava o Ministério da Educação. Podia dar mais exemplos que conheço bem.
Apresento abaixo apontadores para os faxes que enviei em 1998 e a única resposta do Ministério da Educação. Quem assina a resposta? – Joana Orvalho.
O anúncio do servidor em 1998
A minha proposta
A resposta do Ministério:
A minha insistência
PS: O Comércio do Porto fez referência a este assunto e o Correio da Manhã também.