"Renovar" é renovar mesmo!
Os nomes que têm surgido para a liderança do PSD (oficialmente ou apenas como sugestões) são mais do mesmo, uns melhores outros piores.
Não interessa apenas saber se as pessoas em causa têm ou não, em abstracto, o perfil adequado para essa tarefa. É importante que, além disso, também haja uma clara imagem de evolução, de mudança de ciclo.
Por estes motivos só José Pedro Aguiar Branco constitui até agora uma excepção positiva. Não sendo bem conhecido (o que é em parte uma vantagem...), transmite contudo uma impressão de competência, serenidade e independência que fazem falta ao partido.
2005/02/25
2005/02/23
Metro na Boavista: os argumentos
A discussão sobre os vários aspectos de um assunto faz por vezes esquecer o essencial. Recordemos: por que é que não é aconselhável avançar no Porto para este projecto concreto de Metro na Boavista, a chamada "Linha Laranja"? Em resumo, bastam três razões.
Mas analisemos mais alguns pormenores e as alternativas, na sequência do debate n'A Baixa do Porto de onde retiro esta informação.
Nestas condições a melhor solução para a Avenida da Boavista será criar imediatamente uma via exclusiva (o canal central) para um serviço de AUTOCARROS porque:
Quanto ao troço estrangulado Trindade - Senhora da Hora, transcrevo o que escreveu Francisco Rocha Antunes:
"Compravam-se as tais carruagens mais pesadas, tipo comboio suburbano, e fazia-se a ligação à Trofa e à Póvoa a partir apenas da Senhora da Hora. Com transbordo qualificado para o Metro que existe. Como existe em Campanhã entre os comboios suburbanos e o Metro. (...) o túnel a ligar a Avenida e a Estação da Casa da Música na Avenida de França é pior de certeza. (...) a solução correcta era entregar aquelas linhas à exploração da Unidade de Suburbanos do Grande Porto da CP."
- Porque não resolve só por si o estrangulamento Senhora da Hora / Trindade (que esse sim é urgente tratar).
- Porque não é a única maneira, nem a mais rápida de implantar, nem a mais barata, de desviar passageiros da Linha Azul.
- Porque não é uma prioridade haver Metro nessa zona da cidade, havendo outros locais no Porto onde o investimento é incomparavelmente mais urgente.
Mas analisemos mais alguns pormenores e as alternativas, na sequência do debate n'A Baixa do Porto de onde retiro esta informação.
- A Linha Laranja tem recentemente sido apresentada como "o lançamento da base futura de uma linha do metro Nascente - Poente na Área Metropolitana do Porto", ainda completamente "virtual" e sem aprovação das autoridades competentes. Faz algum sentido construir um troço de uma linha de metro antes de saber se ele vai ter a continuação que o justifica?! Sem ter sequer pronto o estudo técnico do local por onde supostamente iria passar o resto da linha? Foi precisamente este tipo de "fugas para a frente", sem planeamento sério, que provocou o estrangulamento do troço Trindade / Senhora da Hora.
- Os recursos não são ilimitados. Se se destinam 90 milhões de euros à Linha Laranja (já sem contar com os custos das expropriações) é porque há 90 milhões de euros que deixam de ser aplicados noutro lado qualquer.
- É consensual que o investimento na zona ocidental do Porto não é prioritário em relação ao investimento na zona oriental. Ninguém defende que a Linha Laranja é mais urgente do que, por exemplo, a ligação a Gondomar.
- O problema estrito de transporte de passageiros pela Avenida da Boavista pode ser resolvido adequadamente por outros meios que não o Metro em via exclusiva.
- Sendo necessário um novo viaduto que atravesse o Parque da Cidade (como é o caso do actual projecto), dois problemas sérios se colocam além do respectivo custo: o impacto no próprio Parque e os conflitos quanto aos direitos de propriedade dos terrenos onde ficaria implantado (Câmara vs Imoloc).
- Os estudos que foram feitos sobre as alterações de trânsito na Avenida da Boavista apenas demonstram que será viável instalar transporte em via exclusiva, seja ele qual for. Não provam a superioridade do Metro nem contemplam o impacto da consequente invasão de um grande fluxo automóvel em locais até agora residenciais.
- A linha de metro demora cerca de 2 anos a construir. Dois anos em obras. Dois anos de caos na zona!
Nestas condições a melhor solução para a Avenida da Boavista será criar imediatamente uma via exclusiva (o canal central) para um serviço de AUTOCARROS porque:
- custa incomparavelmente menos do que o Metro
- é de implantação muito mais simples e rápida
- permite usar o actual viaduto do Parque da Cidade
- melhora o sistema de transportes no curto prazo, e não apenas daqui a dois anos
- liberta recursos para outras zonas mais prioritárias da cidade/região
- não prejudica uma eventual futura instalação do Metro que substitua esta opção.
Quanto ao troço estrangulado Trindade - Senhora da Hora, transcrevo o que escreveu Francisco Rocha Antunes:
"Compravam-se as tais carruagens mais pesadas, tipo comboio suburbano, e fazia-se a ligação à Trofa e à Póvoa a partir apenas da Senhora da Hora. Com transbordo qualificado para o Metro que existe. Como existe em Campanhã entre os comboios suburbanos e o Metro. (...) o túnel a ligar a Avenida e a Estação da Casa da Música na Avenida de França é pior de certeza. (...) a solução correcta era entregar aquelas linhas à exploração da Unidade de Suburbanos do Grande Porto da CP."
2005/02/17
O Casino
Admito como verdadeira e rigorosa uma notícia saída na imprensa que anuncia o início iminente das obras de reabilitação urbana no troco final (ocidental) da Avenida da Boavista, no Porto.
O executivo da Câmara Municipal do Porto tem toda a legitimidade para decidir sobre esta matéria, desde que cumpra a Lei. Foi eleito, e a Democracia é isto mesmo. Por mais movimentações e participação cívica que exista, só uma eleição é vinculativa. Por isso, caso o executivo não queira seguir as recomendações de bom senso que surgiram no debate entretanto havido, resta ao “povo” esperar pelas próximas autárquicas.
Atendendo à discussão pública sobre este tema (que foi aliás saudavelmente incentivada também pela autarquia e pela Metro do Porto), espera-se do executivo alguma informação formal sobre a obra que supostamente vai começar. Nem que seja por simples educação e civismo.
Recuemos no tempo. O que se terá passado?
Havia um canal central desaproveitado na Avenida da Boavista. Havia um Metro que interessava expandir, e um troço sobrecarregado que importava aliviar noutro ponto da rede. À primeira vista, a construção de uma linha nesse canal parecia uma opção óbvia e relativamente simples. À primeira vista.
Contactam-se alguns especialistas de transportes, que fazem estudos sobre o impacto desta solução. Aí o cenário começa a complicar-se: afinal vai ser preciso desviar tráfego para zonas residenciais, afinal vão ser necessárias expropriações que não se sabe quanto custam, afinal o actual viaduto no Parque da Cidade não serve e terá que ser construído outro, afinal o troço Trindade - Senhora da Hora não é significativamente afectado, etc. Mas enfim, aparentemente do mal o menos...
Entretanto já havia outra iniciativa a desenvolver-se: o Grande Prémio da Boavista, prova automobilística lançada recentemente pela autarquia.
A Linha da Boavista vinha mesmo a calhar, pois empurravam-se os custos todos para a Metro do Porto:
Ao mesmo tempo aparecem uns “profissionais do contra” com visibilidade mediática que se reúnem no blog “A Baixa do Porto”. Mas apesar de tudo parecia gente relativamente séria… Até já tinham tido um papel importante na aprovação da Sociedade de Reabilitação Urbana! Por isso o executivo pensa: sendo esta opção pela Linha da Boavista correcta, não há nada como um bom debate público, com a ajuda do talento e competência do Prof. Oliveira Marques da Metro do Porto, para que se “dê a volta” à opinião pública. Até aqui tudo relativamente bem.
O mal foi que havia uma série enorme de inconvenientes graves que não estavam devidamente ponderados na Linha da Boavista. O debate público veio tornar absolutamente evidente que este projecto concreto proposto pela Metro do Porto era completamente desadequado.
O executivo ficou na posição do jogador que foi apostar às escondidas no Casino e que já estourou as economias da família. O que fazer? Voltar para casa, assumir o erro e trabalhar para recuperar as perdas, ou hipotecar o apartamento e voltar a apostar à espera de um milagre?
Decide Rui Rio tentar a “fuga para a frente”. Manda avançar as obras de reabilitação da Avenida sem ter a garantia de que a Linha da Boavista vai ser aprovada pela Administração Central, sem saber se o estudo de impacto ambiental vai ser preciso, consciente de que esta decisão é tecnicamente errada. Com ordem de estar tudo pronto a tempo do Grande Prémio, assumido sonho do autarca. A Metro do Porto responsabiliza-se entretanto pelo respectivo pagamento mas apenas no pressuposto de que a linha é realmente aprovada... Se não for, a factura terá de ir parar a outro destinatário.
Conclusão: nesta altura a “hipoteca” parece que já vai em 6 milhões de euros... E isto é só o princípio, antes de “aquecer os motores”. Com este comportamento, também já não se pode contar com Rui Rio para renovar o PSD.
O executivo da Câmara Municipal do Porto tem toda a legitimidade para decidir sobre esta matéria, desde que cumpra a Lei. Foi eleito, e a Democracia é isto mesmo. Por mais movimentações e participação cívica que exista, só uma eleição é vinculativa. Por isso, caso o executivo não queira seguir as recomendações de bom senso que surgiram no debate entretanto havido, resta ao “povo” esperar pelas próximas autárquicas.
Atendendo à discussão pública sobre este tema (que foi aliás saudavelmente incentivada também pela autarquia e pela Metro do Porto), espera-se do executivo alguma informação formal sobre a obra que supostamente vai começar. Nem que seja por simples educação e civismo.
Recuemos no tempo. O que se terá passado?
Havia um canal central desaproveitado na Avenida da Boavista. Havia um Metro que interessava expandir, e um troço sobrecarregado que importava aliviar noutro ponto da rede. À primeira vista, a construção de uma linha nesse canal parecia uma opção óbvia e relativamente simples. À primeira vista.
Contactam-se alguns especialistas de transportes, que fazem estudos sobre o impacto desta solução. Aí o cenário começa a complicar-se: afinal vai ser preciso desviar tráfego para zonas residenciais, afinal vão ser necessárias expropriações que não se sabe quanto custam, afinal o actual viaduto no Parque da Cidade não serve e terá que ser construído outro, afinal o troço Trindade - Senhora da Hora não é significativamente afectado, etc. Mas enfim, aparentemente do mal o menos...
Entretanto já havia outra iniciativa a desenvolver-se: o Grande Prémio da Boavista, prova automobilística lançada recentemente pela autarquia.
A Linha da Boavista vinha mesmo a calhar, pois empurravam-se os custos todos para a Metro do Porto:
- a reabilitação urbana (tão necessária) da Avenida da Boavista
- a preparação das estruturas para o Grande Prémio
- o pagamento das prováveis indemnizações à Imoloc por causa da situação pouco clara quanto aos direitos de propriedade dos terrenos do Parque da Cidade.
Ao mesmo tempo aparecem uns “profissionais do contra” com visibilidade mediática que se reúnem no blog “A Baixa do Porto”. Mas apesar de tudo parecia gente relativamente séria… Até já tinham tido um papel importante na aprovação da Sociedade de Reabilitação Urbana! Por isso o executivo pensa: sendo esta opção pela Linha da Boavista correcta, não há nada como um bom debate público, com a ajuda do talento e competência do Prof. Oliveira Marques da Metro do Porto, para que se “dê a volta” à opinião pública. Até aqui tudo relativamente bem.
O mal foi que havia uma série enorme de inconvenientes graves que não estavam devidamente ponderados na Linha da Boavista. O debate público veio tornar absolutamente evidente que este projecto concreto proposto pela Metro do Porto era completamente desadequado.
O executivo ficou na posição do jogador que foi apostar às escondidas no Casino e que já estourou as economias da família. O que fazer? Voltar para casa, assumir o erro e trabalhar para recuperar as perdas, ou hipotecar o apartamento e voltar a apostar à espera de um milagre?
Decide Rui Rio tentar a “fuga para a frente”. Manda avançar as obras de reabilitação da Avenida sem ter a garantia de que a Linha da Boavista vai ser aprovada pela Administração Central, sem saber se o estudo de impacto ambiental vai ser preciso, consciente de que esta decisão é tecnicamente errada. Com ordem de estar tudo pronto a tempo do Grande Prémio, assumido sonho do autarca. A Metro do Porto responsabiliza-se entretanto pelo respectivo pagamento mas apenas no pressuposto de que a linha é realmente aprovada... Se não for, a factura terá de ir parar a outro destinatário.
Conclusão: nesta altura a “hipoteca” parece que já vai em 6 milhões de euros... E isto é só o princípio, antes de “aquecer os motores”. Com este comportamento, também já não se pode contar com Rui Rio para renovar o PSD.
2005/02/16
O meu voto
Depois desta campanha eleitoral, é cada vez mais evidente o que escrevi aqui.
Eis minhas conclusões.
1) É fundamental afastar a hipótese de termos Sócrates e um PS a governar irresponsavelmente o país, se calhar com a conivência do demagogo-mor Louçã.
2) A Santana Lopes falta claramente o perfil para Primeiro-Ministro.
3) A Comunicação Social desceu a um nível inacreditavelmente baixo, com invenções atrás de invenções e opinião confundida com informação. Isto tem que ter consequências, não se pode esquecer como se nada fosse.
4) Vou votar PSD. Um cenário de maioria absoluta PSD+CDS era apesar de tudo o ideal face ao panorama actual. Resolva-se um problema de cada vez: primeiro derrotar Sócrates, depois renovar o PSD.
Eis minhas conclusões.
1) É fundamental afastar a hipótese de termos Sócrates e um PS a governar irresponsavelmente o país, se calhar com a conivência do demagogo-mor Louçã.
2) A Santana Lopes falta claramente o perfil para Primeiro-Ministro.
3) A Comunicação Social desceu a um nível inacreditavelmente baixo, com invenções atrás de invenções e opinião confundida com informação. Isto tem que ter consequências, não se pode esquecer como se nada fosse.
4) Vou votar PSD. Um cenário de maioria absoluta PSD+CDS era apesar de tudo o ideal face ao panorama actual. Resolva-se um problema de cada vez: primeiro derrotar Sócrates, depois renovar o PSD.
2005/02/03
O desamparo
Apareceu ontem uma história trágica n’O Comércio do Porto e noutros jornais também. Não sei se está bem contada ou não. Hoje há desenvolvimentos.
Eu já estou mais ou menos habituado a sofrer e assistir pessoalmente a situações de mau atendimento nos hospitais (e de bom também, não estou agora a fazer estatísticas!). Já criei alguma capacidade de distanciamento, de “anestesia”. Não posso resolver todos os problemas do mundo; tenho que escolher os poucos que consigo ajudar a ultrapassar com o meu esforço.
Contudo, esta situação é muito estranha e especialmente triste. "Triste" é o termo. Pelo desamparo evidente de quem, numa situação daquelas em que se sentia mal atendido, não tem a formação suficiente para tomar a iniciativa de procurar outro hospital, um médico noutro lado qualquer, qualquer coisa. Ninguém abandona o hospital (como parece ter sido o caso) se não tiver razões muito fortes para isso. Se não se julgar a mais naquele local. Se não perceber respeito por parte dos profissionais que lá estão. Se não tiver a sensação de que está apenas a perder tempo.
Uma jovem mãe morreu em casa, sabendo-se que estava doente e após 5 idas ao hospital. É inegável que algo correu mal no “sistema”, mesmo que o “sistema” tenha sido abandonado por opção da doente. O “sistema” não foi capaz de proporcionar a esta pessoa o acolhimento que ela precisava. O “sistema” falhou, é um facto.
Comentando este assunto, o nosso simpático “médico explicador” MEMAI (que bons serviços tem prestado a esta comunidade virtual), desta vez está a ver mal o caso. O verdadeiro problema que se levanta escapou-lhe: a situação VISTA PELA DOENTE E FAMÍLIA. Não garanto que eles têm razão nem que houve negligência médica. Afirmo apenas que aquilo que eles SENTEM é certamente de "telenovela dramática", como a classifica MEMAI. O que impressiona e se torna especialmente triste é esse sentimento, esse desamparo que a sociedade não conseguiu resolver. Por comparação, é muito menos chocante (embora igualmente emocionante) este caso. Para Ivan Noble havia algo inevitável, era aceitar a vida e a morte como elas são, com todo o apoio que é humanamente possível dar. No caso português tratou-se de alguém entregue à sua sorte, na prática. É de telenovela mesmo!
Fala também MEMAI na “mão-de-obra barata”. É evidente que a experiência é importante em qualquer profissão. Mas é importante para evitar o ERRO, e não a NEGLIGÊNCIA. Isso não tem nada a ver com os 20 anos de prática. Um novato ou um sénior estão em exacta igualdade de circunstâncias nesse aspecto. O seu "cruzamento de notícias" é claramente tendencioso porque não tem quaisquer provas de que haja relação entre as duas. MEMAI está a recorrer às mesmas práticas que tantas vezes, e tão justamente, critica nos jornalistas.
Na resposta que me deu resolve falar em "cabala jornalística"(!) e não escreve do que devia escrever. Não sei se houve “negligência médica” no sentido estrito e formal do termo. Mas que se falhou, falhou.
Eu já estou mais ou menos habituado a sofrer e assistir pessoalmente a situações de mau atendimento nos hospitais (e de bom também, não estou agora a fazer estatísticas!). Já criei alguma capacidade de distanciamento, de “anestesia”. Não posso resolver todos os problemas do mundo; tenho que escolher os poucos que consigo ajudar a ultrapassar com o meu esforço.
Contudo, esta situação é muito estranha e especialmente triste. "Triste" é o termo. Pelo desamparo evidente de quem, numa situação daquelas em que se sentia mal atendido, não tem a formação suficiente para tomar a iniciativa de procurar outro hospital, um médico noutro lado qualquer, qualquer coisa. Ninguém abandona o hospital (como parece ter sido o caso) se não tiver razões muito fortes para isso. Se não se julgar a mais naquele local. Se não perceber respeito por parte dos profissionais que lá estão. Se não tiver a sensação de que está apenas a perder tempo.
Uma jovem mãe morreu em casa, sabendo-se que estava doente e após 5 idas ao hospital. É inegável que algo correu mal no “sistema”, mesmo que o “sistema” tenha sido abandonado por opção da doente. O “sistema” não foi capaz de proporcionar a esta pessoa o acolhimento que ela precisava. O “sistema” falhou, é um facto.
Comentando este assunto, o nosso simpático “médico explicador” MEMAI (que bons serviços tem prestado a esta comunidade virtual), desta vez está a ver mal o caso. O verdadeiro problema que se levanta escapou-lhe: a situação VISTA PELA DOENTE E FAMÍLIA. Não garanto que eles têm razão nem que houve negligência médica. Afirmo apenas que aquilo que eles SENTEM é certamente de "telenovela dramática", como a classifica MEMAI. O que impressiona e se torna especialmente triste é esse sentimento, esse desamparo que a sociedade não conseguiu resolver. Por comparação, é muito menos chocante (embora igualmente emocionante) este caso. Para Ivan Noble havia algo inevitável, era aceitar a vida e a morte como elas são, com todo o apoio que é humanamente possível dar. No caso português tratou-se de alguém entregue à sua sorte, na prática. É de telenovela mesmo!
Fala também MEMAI na “mão-de-obra barata”. É evidente que a experiência é importante em qualquer profissão. Mas é importante para evitar o ERRO, e não a NEGLIGÊNCIA. Isso não tem nada a ver com os 20 anos de prática. Um novato ou um sénior estão em exacta igualdade de circunstâncias nesse aspecto. O seu "cruzamento de notícias" é claramente tendencioso porque não tem quaisquer provas de que haja relação entre as duas. MEMAI está a recorrer às mesmas práticas que tantas vezes, e tão justamente, critica nos jornalistas.
Na resposta que me deu resolve falar em "cabala jornalística"(!) e não escreve do que devia escrever. Não sei se houve “negligência médica” no sentido estrito e formal do termo. Mas que se falhou, falhou.
2005/02/01
A histeria das insinuações
Entrámos numa onda de protestos contra as insinuações e boatos de campanha política que me deixa perplexo e irritado.
Qual a melhor forma de propagar um boato e de dar visibilidade a uma insinuação?
É protestar veementemente contra quem os origina. É dizer que se bateu no fundo. É lamentar o baixo nível que se atingiu. É alimentar a curiosidade pacóvia.
É também fazer interpretações maliciosas de frases ambíguas. É mostrar que se “percebeu onde se queria chegar”. É denunciar a “intenção encoberta”. Um adepto das teorias da conspiração poderia até imaginar que os protestos contra as insinuações não tinham outro propósito senão ampliá-las, pois prejudicam simultaneamente o suposto autor e o suposto visado!...
Estou farto de ser “esclarecido”! Não suporto mais que me “demonstrem” que os políticos actuais têm má índole! Não gosto que me tratem como inconsciente nem como imbecil. E faz-me impressão que se parta do princípio que todo o país não vê o que é óbvio, pelo que é preciso “abrir os olhos ao povo”.
Se Portugal votar mal, paciência: terá o que merece. A solução não é queixarmo-nos dos políticos que temos, é fazermos surgir quem seja melhor que eles. O “povo” pode ser lento, mas não é burro de todo.
Qual a melhor forma de propagar um boato e de dar visibilidade a uma insinuação?
É protestar veementemente contra quem os origina. É dizer que se bateu no fundo. É lamentar o baixo nível que se atingiu. É alimentar a curiosidade pacóvia.
É também fazer interpretações maliciosas de frases ambíguas. É mostrar que se “percebeu onde se queria chegar”. É denunciar a “intenção encoberta”. Um adepto das teorias da conspiração poderia até imaginar que os protestos contra as insinuações não tinham outro propósito senão ampliá-las, pois prejudicam simultaneamente o suposto autor e o suposto visado!...
Estou farto de ser “esclarecido”! Não suporto mais que me “demonstrem” que os políticos actuais têm má índole! Não gosto que me tratem como inconsciente nem como imbecil. E faz-me impressão que se parta do princípio que todo o país não vê o que é óbvio, pelo que é preciso “abrir os olhos ao povo”.
Se Portugal votar mal, paciência: terá o que merece. A solução não é queixarmo-nos dos políticos que temos, é fazermos surgir quem seja melhor que eles. O “povo” pode ser lento, mas não é burro de todo.
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