Quero que aproveite as competências dispersas pela sociedade civil para complementar ou corrigir o trabalho da sua própria equipa
As sociedades não mudam à velocidade dos indivíduos, têm a inércia de um petroleiro. Por isso os partidos tradicionais vão ser uma ferramenta indispensável para a reabilitação do país, sendo o PSD a base de uma alternativa ao actual desgoverno. O que é que eu quero de um novo líder do PSD e futuro primeiro-ministro?
Quero eleger alguém que me dê voz, que me represente de forma estável; não preciso de quem me explique depois o que é bom para mim. Quero que cative novos militantes e eleitores, que crie um ambiente propício à colaboração entre eles e os militantes mais antigos para produção de Política.
Quero que perceba que é muito limitada a capacidade do Governo, só por si, mudar o país; que o seu papel é o de potenciar a acção da iniciativa privada. Quero que aproveite as vastas competências dispersas pela sociedade civil, sabendo ouvi-la, para complementar ou corrigir o trabalho da sua própria equipa. Quero que diminua o âmbito da intervenção do Estado e os impostos que me suga, focando-o nas suas funções de regulador, de promotor da coesão social, de garante do cumprimento das regras da vida em sociedade. Preciso portanto de uma Justiça a funcionar com base em leis e regulamentos simples que não tratem o cidadão como irresponsável ou bandido em potencial.
Quero que se apresente ao país com uma proposta virada para o futuro, que suscite e reforce a ambição dos portugueses, que ajude a transformar as capacidades em progresso. Não me interessa um programa milagroso de medidas avulsas destinado a ser aplicado por um líder iluminado; prefiro um conjunto de opções estruturais enquadradas por sólidos princípios orientadores que se vão transformando em soluções concretas de um Governo que faça pouco, mas faça bem. Pensando bem, a escolha é simples. É de facto preciso mudar.
(publicado no JN de 2010/01/28)