Se o PS quiser ser alternativa noutras eleições subsequentes, então que arrume antes a casa. Hoje é tempo de meter mãos à obra. Outras mãos.
O primeiro passo é não aturarmos esta situação por mais tempo. Não nos resignarmos a um governo que nos trata como imbecis e nos mente sem parar. Não votarmos num partido que só mantém Sócrates como líder por calculismo eleitoral, pois noutras circunstâncias já o teria substituído. Tal como um drogado tem de decidir largar o vício antes de refazer a vida, também aqui tudo o resto só vem depois da rejeição destas práticas vergonhosas. Não se repita a "síndroma Vale e Azevedo" - mesmo depois de se conhecerem as patifarias da sua gestão e a terrível situação que criou, ainda continuava a ter apoiantes iludidos. Agora até há uma organização do PS chamada "Voluntários Sócrates 2011" - estica-se a corda para vergar o partido e esmigalhar a dignidade dos militantes que, como num casino, são tentados a dobrar a aposta na vã esperança de pagar as dívidas de jogo.
O segundo passo será escolher o partido, que não o PS, que melhor programa tenha e cujo líder dê garantias suficientes de o fazer cumprir. Desta vez, ao contrário de algumas ocasiões anteriores, votar em branco não é uma opção construtiva. Se o PS quiser ser alternativa noutras eleições subsequentes, então que arrume antes a casa. Hoje é tempo de meter mãos à obra. Outras mãos. A cura pode ser dolorosa, mas os primeiros remédios são evidentes: colocar a Justiça a funcionar, reduzir drasticamente a ineficiência do Estado. Isso só é possível com pessoas em quem minimamente confiemos para serem nossos representantes, que não venham daqui a uns anos repetir a promessa de começar aquilo que já devia estar terminado. Exijamos um país onde os políticos são imperfeitos mas decentes, onde todos temos um papel a desempenhar e uma responsabilidade enorme a cumprir daqui a um mês: votar para mudar. Basta! Venham outros.
(publicado no JN de 2011/05/05)