Criou-se bom ambiente para acelerar o desenvolvimento regional se se resistir à tentação habitual: a de inventar “encarregados de educação” do empreendedorismo alheio.
O primeiro dos “Encontros a Norte” da CCDR-N - “Transformar Criatividade em Negócio” – mostrou há dias em Serralves a experiência de uma empresa britânica como inspiração para o futuro trabalho da Agência para o Desenvolvimento das Indústrias Criativas. Fomentar parcerias, reduzir custos de contexto, dar apoio técnico a empresas pouco experientes, são acções a desenvolver por esta nova associação de entidades públicas e privadas. Existindo fundos públicos disponíveis, criou-se bom ambiente para acelerar o desenvolvimento regional se se resistir à tentação habitual: a de inventar “encarregados de educação” do empreendedorismo alheio que não arriscam eles próprios criar o seu negócio, mas viciam outros na dependência dos apoios estatais.
Provando que há quem tenha capacidade de ser autónomo, observem-se dois exemplos de criatividade - as Artes em Miguel Bombarda e os novos negócios entre a Cordoaria e a Batalha. A Baixa do Porto é afinal uma incubadora extraordinária, com tantos espaços livres!
Importa agora diversificar (internacionalizando) e dar escala a projectos que criem impacto local. Se o apoio assumir a forma de encomenda de serviços ou produtos, os empreendedores saberão quais as prioridades de investimento e de acção. Ou melhor: alguns saberão e outros não, deixemos o mercado funcionar - não é afinal isso que se pretende fomentar? Não falta que fazer, falta é organização para tornar esse trabalho rentável. A criatividade passará pelas novas modas digitais, mas reside também nas necessidades terra-a-terra da reabilitação urbana (do edificado, social, ambiental, cultural) onde se calhar a inovação é ainda mais urgente.
Aposte-se em reduzir a excessiva regulamentação das actividades, pois os cidadãos são capazes de tomar conta de si sem tutelas. Estudem-se os fracassos para aprender como ajudar a “desencravar” iniciativas de mérito. Avaliem-se os resultados. Faça-se pouco, sem paternalismo, mas faça-se bem. O resto surgirá naturalmente.
(publicado no JN de 2009/05/07)