Os portugueses continuam a não compreender como podem utilizar a "lei do menor esforço" em seu benefício.
Os portugueses continuam a não compreender como podem utilizar a "lei do menor esforço" em seu benefício. É desconfiança, receio de que lhes escape o controlo dos acontecimentos, enfim, medo de perder o poder. Ou então incompetência pura e simples.
Vejamos o que se passa nas autarquias. Para a maior parte dos assuntos locais (ao contrário dos nacionais) não são relevantes as diferenças ideológicas entre os partidos concorrentes às eleições. Questões estritamente técnicas ou apenas de bom senso proporcionariam consensos frequentes. O ciclo vicioso em que disparate de um lado estimula disparate oposto do lado contrário só se quebra com o envolvimento dos cidadãos que conseguem ultrapassar a guerrilha partidária, organizando-se em grupos de interesse temático para dar resposta ao que as estruturas políticas convencionais não conseguem resolver.
Foi neste espírito de aproveitar a riqueza dispersa pela sociedade civil que nasceu recentemente a Rede Norte: uma plataforma destinada a agregar competências complementares da Associação de Cidadãos do Porto, da Associação Comboios XXI (de Braga), da Campo Aberto (dedicada ao ambiente e ordenamento do território), e de mais organizações que a estas se queiram reunir. Junta-se assim massa crítica para gerar propostas concretas baseadas em estudos sólidos, que serão oferecidas ao poder político para implantação. Em termos simples: é "preparar a papinha" para quem tem o poder executivo.
Ser bom autarca exige estimular a colaboração supra-partidária com a sociedade civil. Mas exige também que os partidos avancem com sugestões e programas para debate a tempo e horas. Assim, lamento este mau exemplo de que tive conhecimento por fontes que julgo fidedignas: na data em que escrevo, a menos de três meses das eleições, não há nenhum candidato, de nenhum partido, à Câmara de Arouca. Haverá eventuais potenciais candidatos a candidatos, mas aparentemente todos "aguardam para ver". Por isso, se o impasse se mantiver, telefonem-me. Eu candidato-me.
(publicado no JN de 2009/07/16)